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Semáforos da capital roubam infância de muitas crianças

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O jornal o povo, em jeito de reportagem, conta a história dos meninos de rua, que a cada piscar vermelho da luz do semáforo da capital Maputo, vêm a oportunidade para arrecadar algum centavo para a sua alimentação, ou até mesmo para apresentarem aos seus patrões, porque a final alguns deste rapazes prestam serviços a individuais que na “menor parte dos casos retribuem o favor” com uma gratificação que varia de mil a dois mil meticais mensal.
Constam dentre as avenidas  de maior preocupação, Av. Acordos de Lusaka, Guerra popular, 24 de Julho, Eduardo Mondlane e 25 de Setembro.

A nossa história começa na avenida Acordos de Lusaka onde conversamos com Augusto Sitóe, adolescente de 15 anos de idade, mas que a quase 2 ano, trabalha como limpador de vidros de veículos naquela avenida, augusto teve que abandonar a escola para poder se dedicar inteiramente ao trabalho, no semáforo limpado a vidraria dos veículos em troca de 10mt, conta-nos que por dia pode render de 1000 A 1500 meticais e nos dias maus ganha apenas 600mt.
Augusto nasceu em gaza, mais chegou a Maputo através de um convíte aliciante para um adolescente, mais que não veio a concretizar-se porque contrariamente ao que havia se prometido, ganhou um pano e pequeno baldinho com água para ir a rua lavar carros.
“Meu nome é augusto, tenho 15 anos de idade, nasci em Gaza onde vivia com o meu pai e a minha mãe, foi quando um conhecido dos meus pais, fez um proposta para eles de eu ir até Maputo para estudar. O que nunca aconteceu porque quando cheguei aqui, depois de uns três meses o tio francisco, disse que eu deveria trabalhar para ajudar nas despesas da casa, e o trabalho de limpador de vidros de carros era o melhor para mim.”

Jornal o povo – você chegou a ir à escola desde que chegou em Maputo?

Augusto – ” sim, eu fui a escola até a 6 classe mas, por causa do meu tio tive que abandonar a escola e para poder me dedicar inteiramente ao trabalho de lavador de carros, mas algum dia pretendo voltar e complementar os estudos para  que algum dia eu possa ter um trabalho digno e futuramente construir uma família.”
Augusto confessou à nossa equipa de reportagem que não ganha nada no trabalho que exerce porque tudo que ele faz na rua deve sempre prestar conta ao seu “tio” em troca de alimentação e moradia.

Jornal o povo – o seu tio tem outros filhos ou você é o único na casa dele?

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Augusto –  tem sim, dois filhos uma menina de 8 anos de idade e um rapaz de 12 anos, mas eles ainda não trabalham só estudam.

Saímos da Av. Acordos de Lusaka onde deixamos Augusto na esperança de que dias melhores cheguem e fomos em direção à Guerra Popular, outro ponto onde o trabalho infantil é registrado sem muita dificuldade, mas aqui a estratégia é um pouco diferente do outro ponto aonde estávamos, o esquema consiste em convidar um motorista que esteja aflito por uma vaga de estacionamento, convencer, e de seguida é feita a proposta da quantia a ser paga pelo motorista.
E foi aqui neste local onde encontramos Jonas Manasse de 17 anos, vive na rua a quase três anos, fugiu de casa onde diz ter sofrido maus tratos por parte da madrasta com quem vivia após morte do seu pai vítima de doença.
Para não passar fome, Manasse teve que aprender a trabalhar para o seu próprio sustento, com o dinheiro que ganha consegue comprar um “take away” diariamente para sua alimentação.
Quase em lágrimas, revela que os dias na rua não são nada fáceis entretanto aprendeu desde cedo que “a vida é dura”.
Questionado se não gostaria de voltar para casa, este foi categórico em afirmar “não. Prefiro ficar aqui onde, se ela não se importou comigo antes, ninguém garante que agora ela fará isso, então prefiro ficar aqui.”

Jornal o povo – e quanto você ganha por dia?

” Isso varia, há dias que chego a ganhar 1000mt e outros dias um pouco mais.” disse Jonas Manasse à nossa reportagem.

Segundo dados da Direção do Trabalho da Cidade de Maputo que a nossa equipa teve acesso cerca de um milhão de crianças em moçambique com idades compreendidas entre os 7 a 17 anos de idade estão directamente envolvidas no trabalho infantil, uma situação muito preocupante.
“Nós temos uma situação na cidade de Maputo que nos apoquenta, porque o sector informal é aquele que é alimentado por crianças. Estamos a falar da faixa etária dos sete aos 17 anos. Crianças nessa faixa, na cidade de Maputo, temos 300 mil e, dessas, temos 74.4% que estão no sector do comércio”, disse Jafar Buane, acrescentando que o trabalho infantil tem o seu contexto e sua especificidade, variando de região para região, com destaque para agricultura e pesca, que, apesar de não abrangerem um número elevado de crianças, também constituem preocupação.

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